terça-feira, 22 de março de 2011

O campeão rejeitado

Guerreiros, com a derrota para o Boavista, a crise tricolor passou a se manifestar com força total. Comandado pelo preparador físico Ronaldo Torres, o perdido time do Flu sofreu sua primeira derrota para clubes pequenos no Campeonato Carioca e deixou claro que a saída de Muricy Ramalho e suas consequências afetaram bastante o desempenho da equipe. O Boavista, jogando no contra-ataque, aproveitava a fragilidade da defesa tricolor e levava bem mais perigo à meta de Ricardo Berna do que o Flu ao goleiro adversário. O primeiro gol surgiu em cobrança de falta perfeita de Gustavo, que chutou com muita força e efeito, sem chances para o arqueiro tricolor. Com a desvantagem no placar, o Tricolor se expôs ainda mais aos contra-golpes sempre perigosos da equipe de Saquarema e acabou pagando caro próximo aos 30 minutos do segundo tempo, quando Max liquidou as chances do Flu na partida ao ampliar para 2 a 0. Novamente, o Boavista voltou a ser o algoz do Fluminense. No primeiro encontro entre os dois times, o Boavista acabou levando a melhor nos pênaltis, por meio dos quais chegou à final da Taça Guanabara, na qual foi vencido pelo Flamengo. Agora, a vitória - diga-se de passagem, justa - em tempo normal piorou ainda mais a delicada situação vivida pelo Flu. Se o time já buscava um substituto para Muricy com urgência, a derrota de domingo, com os gritos de parte da torcida apelando para a contratação de um novo treinador, intensificou essa busca e fez, inclusive, a diretoria do clube passar a atirar com uma metralhadora para todos os lados.

Nos últimos dias, Dorival Júnior, Felipão, Cuca, Levir Culpi, Adilson Batista e até Gilson Kleina, técnico da Ponte Preta, receberam propostas de comandar o Fluminense e as rejeitaram. O único que está realmente disposto a assumir o Tricolor é Abel Braga. Contudo, como o técnico só pode passar a comandar o clube em maio ou, no mais tardar, junho, a cúpula tricolor buscou soluções imediatas, todas as quais fracassaram. Bom para a torcida, que, em sua maioria, torce pela volta de Abel, mesmo que sejamos comandados por um técnico interino até lá. Será que é difícil os dirigentes darem ouvido à torcida e fazerem nossa vontade? Se der errado, a responsabilidade é toda nossa, afinal, fomos nós quem pedimos. O que não pode é buscar desesperadamente por um nome para substituir Muricy e depreciar a imagem do clube com essas múltiplas recusas, justificadas pela crise vivida pelo Flu atualmente. Qual treinador quer trocar a estrutura (não é difícil ter uma melhor do que o Fluminense), o conforto e a estabilidade que possuem nos clubes que comandam pelo ambiente inóspito do atual campeão brasileiro? Confesso que, se eu fosse técnico, não me arriscaria a esse ponto, portanto, a atitude desses profissionais é completamente compreensível. Ridículo mesmo é a acessoria de imprensa do clube anunciar a contratação de um treinador (Gilson Klaine) sem ter assinado contrato com ele, ato de total amadorismo demonstrado ontem por nossa diretoria, que tanto criticava a cúpula passada devido a isso. Cadê o profissionalismo que deveria caracterizar a atual gestão?

O medo da torcida tricolor é possibilidade da chegada de Joel Santana ao clube. O técnico enfrenta problemas no Botafogo e talvez saia do clube hoje de manhã. O "Papai Joel" deveria ser considerado persona non grata nas Laranjeiras depois de 95, ano no qual vencemos o épico Campeonato Carioca, mas fomos eliminados bisonhamente pelo Santos na semifinal do Brasileirão, e de 96, época em que Joel comandava a equipe do Flamengo e escalou reservas no último jogo contra o Bahia, que foi vencido pelo time baiano e culminou no rebaixamento do Flu. Joel não, diretoria! Também não queremos técnicos meia-boca no nosso time! Vemos Abel Braga dando declarações que deixam completamente expressa sua vontade de retornar ao Tricolor. Por que não ele? Façam o óbvio: efetivem um interino, seja lá quem for (pode ser Josué Teixeira, do Nova Iguaçu, ou até Enderson Moreira, contratado no último domingo para essa função) até a chegada de Abel. Visto à proximidade do jogo importantíssimo contra o América-MEX amanhã, é necessária a urgente estabilização dessa crise que atinge o Fluminense. Não percam mais tempo!

Felizmente, temos a possibilidade de uma grande novidade que muito melhora o prognóstico tricolor. Peter Siemsen fechou um acordo de compromisso com o dono do clube Banana Golf (que, por sinal, é tricolor de coração), e finalmente o local do nosso CT será comprado em breve, com o dinheiro advindo das cotas de televisão, de forma parcelada. Provavelmente esse foi o único ponto positivo da saída de Muricy: a diretoria partiu imediatamente em busca de combater os problemas de estrutura expostos pelo técnico.

Quarta-feira é dia de decisão. O Fluminense joga a sua vida na Libertadores. Disputa o direito de continuar na disputa pela conquista do tão sonhado título. É vencer ou vencer o América-MEX. O problema é que a situação vivida pelo clube em nada ajuda. Se a missão tricolor é dificílima, o atual momento do clube parece torná-la impossível. Contudo, de missão impossível o Fluminense entende (ah se entende)! O Time de Guerreiros é a prova viva disso. É a hora de retomar esse espírito de luta que tanto encantou a torcida tricolor. Tricolores, quarta-feira é dia de Engenhão. Ignorem o preço, a dificuldade de acesso, o horário. O Fluminense precisa de vocês. Quarta-feira é dia de uma perfeita sintonia entre time e torcida. É dia de se manter vivo em busca de tornar realidade um antigo sonho. Até breve!

Saudações Tricolores

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