quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Oficialmente tri!


Guerreiros, a história não poderia jamais ser negligenciada. A CBF finalmente reconheceu. As três taças sorriem felizes em Álvaro Chaves. O Campeonato Brasileiro de Futebol, então chamado de Taça Brasil, teve início em 1959, tendo como seu primeiro campeão o Esporte Clube Bahia, pondo fim a idéia da existência do torneio somente a partir de 1971. Era questão de tempo. A decisão foi exposta pelo site da Confederação Brasileira de Futebol ontem à noite. Segundo a página, o anúncio oficial será feito hoje pelo presidente Ricardo Teixeira. Os deuses do futebol agradecem.

Confesso que eu era daqueles que teimavam em não reconhecer o, até 5 de dezembro de 2010, bicampeonato tricolor. Apesar de saber da semelhança e equivalência do Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1970 com o Campeonato Brasileiro de 1971, sem o reconhecimento da CBF, não achava correto me denominar bicampeão brasileiro. Contudo, com a conquista do tri, neste ano, fui alertado para o óbvio: O título de 1970 foi o primeiro título brasileiro do Tricolor. O reconhecimento da CBF era uma mera questão de tempo. Não se podia negar a história da maior paixão do País. Motivei-me a ler a respeito dos campeonatos nacionais anteriores a 1971, e, no blog do historiador Odir Cunha, encontrei argumentos bastante convincentes a respeito da legitimidade dos títulos brasileiros de 59 a 70.

Considerar a Taça Brasil como equivalente à Copa do Brasil atual não é correto. Sim, logicamente vejo a semelhança da fórmula de disputa, contando com a participação dos campeões estaduais em confrontos de mata-mata que definiam o representante do País na Taça Libertadores da América. Contudo, tal torneio foi a primeira tentativa de se estabelecer um campeonato a nível nacional. A primeira forma de reunir os principais times do País em um mesmo torneio. A primeira vez em que se considerou o vencedor como o campeão do Brasil. No contexto histórico, foi uma forma primitiva do Campeonato Brasileiro atual. A Copa do Brasil surgiu como uma forma de dar a oportunidade de conquistar uma vaga na Libertadores a clubes que não conseguiam a classificação pelo Campeonato Brasileiro. Nunca foi considerada a principal competição nacional de futebol, ao contrário da Taça Brasil. Então, é um equívoco julgar a Taça Brasil equivalente à Copa do Brasil devido a mera semelhança na forma de disputa. Estaríamos diminuindo, sem dúvidas, a importância de tal torneio, o primeiro Campeonato Brasileiro de Futebol.

Nos anos em que a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa coexistiram (1967 e 1968), devemos novamente analisar o contexto histórico. Nos períodos de transição no futebol e em momentos raros, é comum existir mais de um campeão do "mesmo" torneio por ano, como nos Campeonato Paulistas de 1913, 1914, 1915, 1916, 1926, , 1927, 1928, 1929, 1935, 1936 e 1973; e Cariocas de 1907, 1912, 1924, 1933, 1933, 1934, 1935, 1936, 1937 e 1979 (nesse ano, inclusive, o Flamengo foi duas vezes campeão estadual). Em 1967, a Taça Brasil continuava com sua importância e definia os representantes da Libertadores de 1968. O Robertão foi criado pelas federações paulista e carioca reunindo os principais times do País em uma fórmula de disputa diferente, parecida com a do Campeonato Brasileiro de 1971, e substituiria a Taça Brasil como único Campeonato Brasileiro a partir de 1969. Em 1968, a mudança do campeonato a decidir os representantes da Libertadores aconteceu devido a problemas no calendário, com o Robertão passando a defini-los, contudo, com a Taça Brasil ainda mantendo a importância na sua última edição e tendo sido terminada em 1969 com o Botafogo campeão. Portanto, em um período claramente conturbado, é justo termos dois campeões brasileiros no mesmo ano, enquanto a transição definitiva de Campeonato Brasileiro da Taça Brasil para o Robertão ainda não acontecera. Antes de 67, a Taça Brasil definia o campeão nacional. Em 69 e 70, quando essa competição deixou de existir, o Robertão passou a indicá-lo. Por que não considerar as Taças Brasil e os Robertões de 67 e 68 como Campeonatos Brasileiros, já que eles equivaliam a esse título na época? A Argentina tem dois campeões por ano desde 1967. Nas situações raras supra-citadas, por que não seria justo termos dois campeões por ano?

A equivalência do Robertão ao Campeonato Brasileiro é inquestionável pela participação dos principais times do País, pela fórmula de disputa bastante parecida com o torneio de 1971 e por ser a única competição a nível nacional no País em 1969 e 70.

Então, de acordo com a justa decisão da CBF, o ranking de campeões brasileiros passa a ser o seguinte:

8 títulos - Palmeiras (1960, 67 (2), 69, 72, 73, 93, 94) e Santos (1961, 62, 63, 64, 65, 68, 2002)
6 títulos - São Paulo (1977, 86, 91, 2006, 07, 08)
5 títulos - Flamengo (1980, 82, 83, 92, 2009)
4 títulos - Corinthians (1990, 98, 99, 2005) e Vasco (1974, 89, 97, 2000)
3 títulos - Fluminense (1970, 84, 2010) e Internacional (1975, 76, 79)
2 títulos - Bahia (1959, 88), Botafogo (1968, 95), Cruzeiro (1966, 2003), Grêmio (1981, 96)
1 título - Atlético-MG (1971), Atlético-PR (2001), Coritiba (1985), Guarani (1978), Sport (1987)

Enfim, ganhamos um grande e, acima de tudo, justo presente de natal. Somos oficialmente tricampeões. Um feliz Natal e um próspero Ano Novo para todos!

Saudações Tricolores

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

"Quem espera sempre alcança"

Guerreiros, primeiramente, gostaria de avisar que esse título do post de hoje não é copiado de nenhum outro local. Eu o havia idealizado há algum tempo. Só torcia para que este dia chegasse e eu o pudesse utilizar para coroar o texto que saúda o mais novo campeão brasileiro. Melhor, o mais novo tricampeão brasileiro. Sim, rendo-me aos gritos da nossa linda torcida. O Fluminense é tricampeão brasileiro. Não importa se é Campeonato Brasileiro ou Taça Roberto Gomes Pedrosa, a participação dos principais times do País, a organização pela CBD (antiga CBF) e o modelo de disputa e regulamento muito parecidos com o de 1971 legitimam o nosso primeiro campeonato brasileiro. Ontem, o tão sonhado tricampeonato se tornou realidade. Para 26 anos de espera, 26 anos de comemoração. Comemore, tricolor!

A torcida tricolor se mostrava muito confiante para a partida. Éramos considerados favoritos. Era um jogo teoricamente fácil devido à discrepância técnica entre as duas equipes, e muitos já nos consideravam os campeões do mais importante torneio nacional. No entanto, em campo, o nervosismo e ansiedade atrapalham nossos guerreiros em demasia, além de um Guarani, apesar de rebaixado e desfalcado, extremamente empenhado, como pôde ser constatado no lance em que dois jogadores do Bugre discutiram veementemente (ficou óbvio o tipo de "motivação" que eles tiveram para complicar a vida do Fluminense). Era Sheik não conseguindo dominar a bola, Fred cabecando por cima do gol, Diguinho errando tudo o que tentava, Conca sem espaço para respirar... Pelo jeito, o título viria de forma sofrida, como sempre. Afinal, se não for sofrido, não é Fluminense.

Juntos pelo tri. Realmente juntos. Engenhão lotado, e a torcida sofria com o time. O tempo passava, o tricolor já não tinha mais unhas. Muricy apostou em Washington. A animação por parte da torcida logo seria justificada. Não foi dele o gol do título, mas a assistência, sim. Aos 17 minutos do segundo tempo, o panorama mudou. Um jogador resolveu entrar para a história do Fluminense Football Club. Um ex-atleta rubro-negro, cuja vinda muitos tricolores, inclusive, foram contra. Após cruzamento de Carlinhos pela esquerda, Washington cabeceou. A bola desviou no braço de um jogador do Guarani, e Emerson, o Sheik, de perna esquerda, chutou. Por entre as pernas do zagueiro e do goleiro do Bugre, a pelota repousou feliz junto às redes. Emerson será lembrado eternamente como o autor do gol do tricampeonato tricolor. Por ironia do destino, um flamenguista declarado deu a maior felicidade para a nossa torcida em 26 anos. Esse rubro-negro vai acabar virando casaca, hein...

Pelo que vimos, não foi só o Fluminense quem andou nervoso não. Corinthians acabou empatando com os reservas do rebaixado Goiás por 1 a 1, e o Cruzeiro começou perdendo de um Palmeiras a passeio no Campeonato Brasileiro, conseguindo virar o jogo nos minutos finais da partida. A ansiedade inicial foi superada com o gol, que tirou um peso das costas dos nossos jogadores. O Flu passou a pensar, ter mais calma e, assim, administrar o resultado. Com o resultado a favor, o tempo que passava rápido, tornou-se mais lento do que nunca. Os segundos se arrastavam, mas os 47 minutos do segundo tempo chegaram. O apito de Carlos Eugênio Simon decretou o retorno de um Gigante do futebol brasileiro. O Fluminense renascia, após 26 anos. Depois de ir à 3ª divisão, o Fluminense demonstrou sua força ao ser tricampeão brasileiro. Do caos à liderança, como profetizado por Nelson Rodrigues. Do milagre da fuga do rebaixamento em 2009 para a o título em 2010. Da humilhação ao êxtase. O Fluminense é o Campeão Brasileiro de 2010.

O sonho da torcida tricolor agora paira sobre a Taça Libertadores da América de 2011, na qual batemos na trave em 2008. O nosso sonho, o sonho dos nossos guerreiros e o de Muricy Ramalho, a qual não tem no seu currículo. Caímos em um grupo dificílimo, formado por Argentinos Jrs, Nacional-URU e América-MEX, já considerado o "Grupo da Morte" por muitos. Em 2008, também foi assim, e acabamos finalistas da competição. Tomara que, dessa vez, a história se repita quase completamente, mas tenha um final feliz para o Fluminense. Quem sabe o destino tenha unido o caminho de Muricy e do Flu para que ambos realizem esse sonho. Em 2011, saberemos. Enquanto, isso, tricolor, comemore como nunca. "Quem espera sempre alcança", consoante reza o nosso hino, finalmente alcançou, e as palavras de Lamartine Babo foram legitimadas. O Time de Guerreiros se tornou o Time de Campeões. Melhor: Time de Tricampeões. Parabéns para nós. Orgulho de ser tricolor.

Saudações Tricolores