quinta-feira, 24 de março de 2011

Esse é o Fluminense Football Club

Guerreiros, o jogo de ontem foi uma daquelas partidas épicas, inesquecíveis, que serão recordadas com orgulho pelos tricolores daqui a 10, 20 anos. Até os 34 minutos do segundo tempo, o Fluminense estava praticamente eliminado da Taça Libertadores, um vexame sem tamanho para o clube que é o atual campeão do País. Então, a estrela de um meia luso-brasileiro, atormentado por lesões desde que chegou ao clube, em agosto do ano passado, voltou a brilhar, mais forte do que nunca. Retornando aos gramados após dois meses parado devido a uma grave lesão na coxa esquerda, Deco entrou no segundo tempo e decidiu a mais importante partida do Fluminense na temporada. Um tapa na cara daqueles que já o consideravam um ex-jogador em atividade. Uma assistência e um gol no jogo de ontem deixaram claro que o camisa 20 ainda tem muito a render no Fluminense. O meia, que nunca havia jogado uma partida pela Libertadores na sua carreira, estreou com o pé direito e permitiu que o sonho tricolor continuasse vivo. É esse o Deco que nós queremos ver jogar!

O anúncio de Peter Siemsen na tarde de quarta de que Abel Braga será o novo técnico do Fluminense daqui a cerca de dois meses deu o ânimo que faltava à torcida tricolor. Decidida a empurrar o time, que passa por problemas extra-campo agravados depois do abandono de Muricy Ramalho, o qual deixou o Fluminense em situação delicada na Libertadores, a massa tricolor foi ao Engenhão na noite passada com sangue nos olhos. O público foi bem reduzido, é verdade, mas os treze mil presentes cantaram por mais de cem mil. Não pararam de apoiar um minuto sequer, acreditando no time e o empurrando até o final do jogo. A nossa equipe também correspondeu. Superou as adversidades na base da raça. Pressionou o América-MEX durante todo o jogo, e teria sido uma grande injustiça se saísse derrotada da partida. O gol da vitória aos 42 minutos do segundo tempo, no mesmo minuto do antológico gol de barriga de Renato Gaúcho em 1995, marcou a volta da união time-torcida que levou o clube à milagrosa fuga do rebaixamento em 2009, quando tudo parecia perdido. Na quarta, presenciamos o retorno não só do Time de Guerreiros mas também de uma torcida de fanáticos, apaixonados, que apóiam até o fim, independentemente dos obstáculos.

O time do Fluminense entrou mordido. Vi muitos tricolores dizendo que um time que perdeu do Boavista não tinha condições de vencer o América-MEX. Eu os avisei. Em Libertadores, o espírito é outro. A motivação é totalmente diferente. O Flu mandou na partida. Faltava o gol. Infelizmente, devido a uma mistura de azar com falha de Ricardo Berna e Digão, esteve atrás no placar por duas vezes, mas não desistiu. Enderson, técnico do Flu até a volta de Abel, acertou na escalação do time, ao contrário do senhor Ratatouille. Sacou Marquinho da equipe titular e colocou Souza, algo que já deveria ter sido feito há algum tempo pelo nosso ex-técnico. O nosso técnico interino efetivado também trouxe ao Fluminense uma característica que há muito não víamos: a ousadia. Com Enderson no comando, o Fluminense voltou a ter o ataque como prioridade e não teve medo de arriscar tudo quando foi preciso. As substituições nada convencionais, tirando dois laterais e colocando um meia e um atacante deixaram isso bem claro. "Quem não arrisca não petisca", não é? Enderson apostou em Deco, que voltava de lesão e não havia jogado uma partida sequer desde a sua volta, e foi recompensado. Foi o nome da partida. Araújo, que entrou no decorrer da partida, também foi decisivo ao empatar o jogo com um belo gol de cabeça. Portanto, não foi só a estrela de Deco que brilhou. A de Enderson também. Que seja assim até a chegada de Abel!

A linda vitória de virada trouxe de volta o ânimo do time, que havia desaparecido. Mexeu com o brio tricolor. Fez o time lembrar como surgiu sua antonomásia "Time de Guerreiros". Um time que nasceu da humilhação e a utilizou como motivação para conseguir se reerguer, que provou ao mundo futebolístico a força da palavra superação. Depois do jogo de ontem, tenho a certeza de que, se não conseguirmos a tão sonhada classificação, veremos em campo um time que vai lutar até o fim. Esse é o Fluminense Football Club.

Domingo teremos um clássico contra o embalado Vasco, que venceu merecidamente o Botafogo na última rodada. Provavelmente, como sempre, será um jogo bastante complicado. Uma vitória, com certeza, ajudará a manter elevada a moral do time tricolor, fundamental para os confrontos restantes na Libertadores. Faltam dois jogos para a classificação. Rumo ao título que deixamos escapar em 2008. A benção, João de Deus!

Saudações Tricolores

Nenhum comentário: